quarta-feira, 29 de outubro de 2008

A Segunda Asa

Acabamos de disponibilizar no Palcomp3 mais uma música gravada para o já tão prometido novo disco do Circus Musicalis...












"A Segunda Asa".
(Paulinho Dias)

Quero sentir sua mão
quero ser o colo que te embala
quero sentir tua boca ser seu par
conduzir respirar tua fala

Ah! Como eu invejo
até as simples gotas de água
que vem molhar, vem brincar
escorregar em você

Te banhar
desvendar a paisagem mais bela
o brilho infinito
conhecer bem de perto os segredos
do teu corpo bonito

Quero ver a sua alegria em cena
lancei-me pelo ar
mas um só par de asas a sonhar
não vale a pena

Quero ver sua alegria plena
tentei te desenhar
mas a minha imprudência com lápis
é de dar pena

Mas o canto que acalanta
o canto que descansamos
o quanto for preciso pra sonhar

É o que alimenta a chama
que te chama e que deseja
e que clama o amor pra ser eterno
ou que perdure mil invernos


Quero ver a sua alegria plena
lancei me pelo ar
mas um só par de asas a sonhar
não vale a pena

Quero ver a sua alegria em cena
tentei te desenhar
mas a minha imprudência com lápis
é de dar pena

Mas o canto que acalenta
o canto que descansamos
o quanto for preciso pra sonhar

É o que alimenta a chama
que te chama e que deseja
e que clama o amor pra ser eterno
ou que perdure mil invernos



Voz: Paulinho Dias
Violões, baixo e arranjos: Cleiton Profeta

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

ECAD???

Em uma conversa recente em uma comunidade do Orkut, contei sobre um telefonema que recebi do ECAD:

- Bom dia senhor Cleiton eu sou a Juliana do ECAD.
- Bom dia Juliana.
- Eu tenho aqui um boleto a ser pago referente a duas apresentações que você fez no Juarez Machado.
- Ótimo posso te pagar ainda hoje, mas quando eu recebo de volta?
- Como assim?
- É que toda trilha, texto e concepção do espetáculo são meus, logo segundo a lei 9.610/98 que cuida de proteger a propriedade do autor, vocês tem proteger e repassar o valor para o autor, sendo eu mesmo o autor vocês tem que me repassarem o valor. Correto?
- É que na verdade em Joinville não é bem assim, a gente recebe das rádios a lista com as 100 mais tocadas e repassa para estes.
- Deixa eu ver se eu entendi: vocês vão me cobrar por eu ter tocado músicas minhas e vão repassar para os 100 mais tocados??
- Isso mesmo.
- Então me processem, pois não vou pagar...

Ok! Vou falar a verdade! Entre as 16 músicas da peça 14 eram minhas, do Paulinho e do Cabelo, ou seja, do Circus! Mas também havia uma do Silvio Brito e uma do Mongol, se bem que a do Mongol o Paulinho Dias cantou no CD da trilha do espetáculo dele (do Mongol) e se o CD existe, por certo ele deverá receber direitos conexos (não é isso?) como não recebe há um empate técnico. Além do mais eles não estão entre os 100 mais tocados mesmo... Rs
E no texto há algumas citações (Millor Fernandes, Nelson Rodrigues, Oswaldo Montenegro entre outros), mas acho que isso pode né? Vejo todo mundo fazendo inclusive os citados...

Pra explicar bem o que é o ECAD vou colar abaixo um resumo de textos que encontrei na internet e por displicência não lembro das fontes, mas tenho certeza que o autor do texto ficará contente em ver o texto dele divulgado mesmo sem os créditos, assim como eu fico feliz quando vejo um texto meu em um perfil do Orkut de alguém, por exemplo, e claro se ele se sentir descontente pode procurar o ECAD.

“DEFINIÇÃO DE DIREITO AUTORAL
“É o direito que assegura ao autor de obra literária, artística ou científica, a propriedade exclusiva sobre a mesma, para que somente ele possa fruir e gozar todos os benefícios e vantagens que dela possam decorrer, segundo os princípios que se inscrevem na lei civil”.
O direito de propriedade autoral, entretanto, entende-se o direito de exploração comercial da mesma obra, em virtude do que pode dispor e gozar dela como melhor lhe aprouver, dentro do período prefixado em lei.
No Brasil, a Lei nº 9.610/98 em seu artigo 1º, considera como direitos autorais não apenas os direitos subjetivos dos autores, mas também os direitos que lhes são conexos, como os direitos dos artistas intérpretes ou executantes, dos produtores de fonogramas, dos organismos de radiodifusão e das entidades esportivas que patrocinam espetáculos públicos com entrada paga.

A VERDADEIRA INTENÇÃO DO LEGISLADOR
A Lei 9.610/98 cuida de proteger a propriedade do autor. Isto é claro. Mas, o que realmente acontece é que os autores não recebem este valor cobrado pelo ECAD. A lei não prevê de forma clara como isto deve ocorrer. Logo, a lei 9.610/98 acaba por ter a sua aplicabilidade comprometida, já que não estabelece uma forma efetiva dos autores terem seus direitos autorais preservados. E, não haveria de ter, pois os autores já procuram resguardar seus direitos quando realizam os contratos com as gravadoras.
O objetivo da lei em análise é garantir os direitos de uma obra ao seu autor. No caso específico de uma música, o que acontece é que o Autor vende seus direitos à gravadora, e é aí que ele deve negociar, no sentido de preservar seus direitos. A gravadora, por sua vez, vende os discos ao público em geral, e quanto mais a música for executada mais popular ela fica, possibilitando, dessa maneira, uma vendagem maior e conseqüentemente maior lucro para a gravadora e ao compositor.
Portanto, não se justifica a necessidade da cobrança que é paga ao ECAD, simplesmente pelo fato de o dono de um disco utilizá-lo à sua livre vontade. “Assim, o ECAD acaba por inviabilizar a realização de vários eventos culturais, devido à dificuldade em se pagar o valor por ele estipulado, desincentivando a expansão da cultura brasileira.”


Agora que tudo ficou um pouco mais claro sobram algumas perguntas:

1 - Pra que cobrar de artistas quando esses executam apenas suas próprias obras?
2 - Pra que cobrar de artistas mesmo quando estes obtêm a liberação por escrito do autor da obra executada?
3 - Pra que cobrar pela execução de estabelecimentos comerciais como lojas, cabeleireiros, entre outros quando esses executam CDs originais para simples distração, sendo que o CD foi comprado assim como a revista que está nos salões para ler também foi, portanto não vejo diferença entre um caso e o outro.
4 - Pra que cobrar em festas juninas e apresentações de escolas públicas, e em festas familiares como casamentos a simples execução de um CD??
5 - Pra que cobrar a execução pública de CD de qualquer forma, sendo que é a execução em massa que divulga o artista o que resulta na vendas de seus shows onde sempre foi a principal forma do artista ganhar dinheiro? Isso é tão tosco e na verdade funciona assim: o artista paga pra rádio tocar a música, a rádio paga pro ECAD por ter tocado... e o ECAD repassa (em tese) de volta pro artista, parece coisa de gente burra né? Ainda mais em plena era da internet onde só compra CD quem gosta de ajudar o artista, ou é colecionador, ou tem dinheiro sobrando! Será que não viram que isso não condiz mais???
Para essa quarta pergunta me veio à cabeça um exemplo: Uma vez vi na TV que nos anos 40 ou 50 havia uma lei de transito que quando o motorista chegasse a um cruzamento ele tinha que descer do caro olhar pros dois lados tocar uma buzina e só então atravessar, imaginem o caos que seria isso nos tempos modernos...
6 - Por que só agora eu parei pra pensar nisso, sendo que até pouco tempo atrás tínhamos um ícone da musica brasileira no ministério da cultura, vai que ninguém falou isso pra ele e por isso ele não fez nada, e de certa forma deixei a chance passar...
7 - Se Deus é onipresente, onipotente, onisciente etc Por que ele não toma logo uma atitude?

ps. A questão 7 é ironia.
ps2. Eu queria criar 10 tópicos, mas as idéias se esgotaram...

(Cleiton Profeta - 24/10/2008)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Quando o publico poderá decidir? (parte 1)


Moro em Joinville uma cidade que poderia ter na entrada uma placa com os dizeres: “A natureza não precisa da arte, o amor não precisa do poeta” e aqui em Joinville menos ainda.
É notável e lamentável a política pão e circo que essa cidade possui, tem até um “Coliseu” (risos), a cidade não possui sequer uma companhia profissional de dança, mas os governantes insistem em chamar de “Cidade da Dança”... ok vamos esquecer os escândalos recentes envolvendo o tema, alias parece mesmo que todos já esqueceram. Não há um bar sequer que toque Jazz, banda de Jazz menos ainda... mas temos um festival de Jazz regado a dinheiro público logicamente. Sabem, faz pouco tempo que me tornei uma espécie de o ultimo-hipócrita-honesto, aquele que diz que se achasse uma mala de dinheiro devolveria, mas será que devolveria mesmo? Acho que só achando pra saber a resposta...
Depois de ler alguns artigos do Zé Rodrix, e alguns bate boca na internet sobre a má utilização do dinheiro público em editais de apoio a artes e Lei Rouanet e similares... não é tão difícil de se entender que os cofres públicos bancarem o CD ou o DVD de determinado artista nada mais é que investir na realização pessoal dele, um artista em nada é melhor que qualquer outro profissional, um médico ou um advogado, um vendedor... são profissões diferentes só isso. Não vejo então o porquê do governo ter que bancar uma peça minha ou um disco meu, se eu sou artista e nasci pobre ou não consegui me destacar no meio isso não é problema do contribuinte, alias se ele quiser me ajudar ele compra o meu CD ou vai ao meu show, mas o direito dele de escolha não pode ser decidido por uma banca que julga qual projeto deva ser agraciado, até por que o julgamento da arte é totalmente subjetivo! Claro que não sou tão radical, e acho que investir em Cultura é valido quando aplicado em estrutura ou em educação, mas para todos! Temos há 8 anos o Teatro Juarez Machado, acho que é o único teatro que já fui que não possui estrutura básica de som e luz, o que torna a produção amadora nele inviável. Então qual a lógica do município gastar mais de um milhão e meio todo anos com esse “edital de apoio às artes” sendo que com simples 100 mil se estruturaria o teatro para todos! Claro a essa altura algum beneficiado da Lei deve estar pensando: “despeito”, daí lembro tal beneficiado que minha ultima apresentação nos dias 27 e 28 de Setembro tiveram o impressionante número de 967 pagantes ( O Teatro possui 500 lugares sendo que você tem que dar 30 cortesias (por dia) para o Bolshoi (façam as contas)) e isso porque ficou muita gente de fora!!! Levantei com a bilheteria, mais que a cidade oferece como teto nesses editais, mas foi o público que escolheu comprar o ingresso e isso é um direito que não pode ser negado! Assim como o risco de se produzir algo existe como existe risco em qualquer outro negócio!
A primeira grande invenção democrática do homem foi o controle-remoto a segunda foi o Youtube. E eu não quero o meu dinheiro sendo aplicado em peças das quais só os produtores e suas famílias vão assistir, quero meu dinheiro melhorando o precário ensino para que a gurizada que hoje está na escola saiba decidir o que é bom ou ruim! Quero que o contato com a arte seja estimulado na escola para que haja discernimento nesse nosso povo tão carente dela. E falo de boca cheia, pois posso me gabar de ter sempre o teatro lotado inúmeras vezes durante os quase 10 anos de Circus Musicalis, e posso me gabar ainda mais de nunca ter utilizado dinheiro público para isso, e mais ainda (agora com louvor) de ter colocado ali dentro todo o tipo de gente, todo o tipo mesmo e acredito que isso é formar platéia! Pode ser pouco, mas para a cidade é muito! Falo isso, pois fui a uma estréia de uma mostra de Teatro no mesmo Juarez Machado e tive o prazer de assistir a um espetáculo maravilhoso, mas uma coisa me incomodou muito, na verdade duas coisas me incomodaram muito, quer dizer... três coisas: a primeira foi o discurso político antes da peça (aff) aquele papo de “A Fundação Cultura investiu” e blá blá blá a segunda foi a revelação da utilização de dinheiro público (seria mesmo necessário?) E a terceira foi quando o atual presidente da associação local de teatro pegou o microfone e perguntou para a “platéia”: “quem aqui é teatreiro? Ator, diretor, cenógrafo?”. E 99% da platéia ergueram o braço (isso sem contar que eu não ergui, pois estava intimidado e não me considero um “teatreiro”). Pensei: ta parecendo uma festa particular, será que eu fui convidado? E pra quem a esta altura do texto está pensando novamente que é despeito por eu nunca ter mamado nas tetas da prefeitura vai outro exemplo: existe um projeto que visa a “formação de platéia” que trouce artistas que sou fã confesso como o Oswaldo Montenegro e o Beto Guedes, no caso do Oswaldo os ingressos esgotaram e custava R$ 50, 00, agora eu pergunto que formação de platéia é essa? Pra usar dinheiro público se o show é pago com um ingresso no valor justo???
Antes que uma pedrada atinja minha cabeça, vou contar pra vocês que antes de ser contra a utilização desse tipo de verba enviei cerca de quatro projetos para esses editais e uma banca formada por três pessoas não aprovou nunca nem um deles, pois é uma banca formada por 3 pessoas decidiu que meu trabalho não era bom o suficiente, mas 947 pessoas decidiram o contrário e viva a democracia!
Recebo diariamente mails de todo o país de fãs do Circus oferecendo propostas de projetos e questionando o porquê de não irmos para Natal ou Belo Horizonte... e sempre respondo que se alguém comprar o espetáculo a gente leva. E sempre sou questionado sobre a possibilidade de utilizarmos a Lei Rouanet e a resposta para isso eu não tenho, pois em toda a minha vida nunca achei uma mala de dinheiro no chão para saber se a devolveria ou não.

(Cleiton Profeta - 14/10/2008)

sábado, 11 de outubro de 2008

Sobre a fé

  Eu sempre achei a ideia de ser ter fé à coisa mais inútil para se fazer em qualquer situação. Imagina o avião caindo e eu tendo fé de que tudo vai dar certo, poxa como pode dar tudo certo? O avião ta caindo já deu tudo errado! Orar pra deus num momento dessa é ainda mais cretino, pois se ele estivesse preocupado ele não faria o avião cair, alias, ele é onipresente e onipotente, não é? Então ele pode tudo e está em todos os lugares! Então ele já estava lá antes do avião cair e poderia ter feito ele não cair, ou melhor, poderia não ter feito ele cair! Acho que só pode haver uma razão para isso: deus derruba aviões para ver se os passageiros rezam quando estão em perigo para então ele mandar o Superman (como no filme) salvar a todos! Tornando ainda maior o sarcasmo divino. Citei o Superman, já que sempre que algo divino acontece é por meio de terceiros...  Voltando a fé, a própria palavra se explica de forma constrangedora: fé é o ato de se acreditar no que não pode ser provado. Putz! Pra que? Já é tão difícil se acreditar no que se pode ser provado, no que se explica racionalmente... eu por exemplo não acredito em nada que nutricionistas dizem... mas isso é outra história, voltando ao meu ceticismo sempre procurei uma resposta para o motivo do povo ter tanta fé e apostar tanto no que é o menos provável. E quando me refiro a fé não estou falando somente da fé cristã, mas sim toda forma de apostar no improvável; é simpatia pra reconquistar amor perdido, é Dr. Fritz reencarnando em centenas de charlatões ao mesmo tempo, é macumba pra ganhar jogo... poxa se fosse assim o campeonato baiano terminava empatado! Finalmente hoje acho que eu descobri minha ignorância a respeito do assunto e compreendi a fé sobre outro ângulo após ler em algum lugar sobre a tese que diz que no início da humanidade, quando os homens viviam em pequenos bandos patriarcais, alguns grupos acreditavam em divindade(s) e outros não. Veio a era glacial e os que não tinham fé, que não acreditavam num “deus”, sabiam que iam morrer de frio e fome. E morreram. Já os que tinham fé, também sabiam que iam morrer, mas acreditavam que alguma força maior iria interceder por eles e eles seriam salvos... Não perderam a esperança, não desanimaram e sobreviveram. Assim como as crianças que acreditavam nos pais eram mais aptas a sobreviverem que as céticas. "Não chegue perto da onça. Não vá na beira do precipício"... e crianças são assim até hoje, por isso é tão divertido contar histórias para elas, pois elas acreditam! 
  Então, geneticamente, puxando a teoria de Darwin, os "mais adaptados" sobreviveram. E carregamos essa característica genética (de acreditar mesmo sem saber, da fé) em nossos genes. Em resumo: existimos porque nossos antepassados tiveram "fé". 
  Claro que isso não significa que ela seja a cura para o câncer... 


(Cleiton Profeta - 11/10/2008)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Cia. Circus Musicalis apresenta a nova montagem de "Veja você Mesmo" em Joinville


A peça "Veja Você Mesmo", da Cia. Circus Musicalis, não é uma peça. E nem o Circus Musicalis é uma companhia de teatro. A provocação presente desde a própria concepção do grupo é o mote do espetáculo cênico-musical deste final de semana no Teatro Juarez Machado, em Joinville. Durante uma hora e meia, o público será convidado a uma viagem por cores, luzes e sons. É abstrato, mas não incompreensível. Desde 2001, a Circus injeta inovação no cenário teatral joinvilense. Quem viu "Cantus", "Cordas em Tempos", "Alegoria do Sonho" e "Ao Tempo" sabe bem o significado dessa dita "inovação" feita pelo diretor Cleiton Profeta e sua trupe. Arte, música, teatro, dança e artes plásticas confluem numa linguagem multimídia e lotada de referências e pensamentos sobre a natureza humana. Aos filósofos de plantão, vale a ressalva: essa análise antropológica é emoldurada por bom humor e dramaticidade. "Veja Você Mesmo", a sexta montagem da Circus Musicalis, estreou em outubro do ano passado numa sessão única. Para o público que já acompanhou a trajetória do hippie Muriel e suas divagações sobre o mundo, a coreógrafa Naiana Hess avisa das mudanças. — Está bastante alterada. Nós mudamos umas partes que consideramos um pouco monótonas e tornamos tudo mais dinâmico — avalia. O elenco, agora de 20 pessoas, dobrou e a banda que acompanha o espetáculo tem mais músicas e arranjos. Muriel, o hippie, expressa no palco seu modo de ver o mundo. Mas outros seis bilhões de pessoas, habitantes do mundo, também têm sua visão. "Veja Você Mesmo" quer transpor essa infinidade de pensamentos sobre "quem somos, quem fomos, quem seríamos" com psicodelia e uma trilha sonora recheada de rock e blues. Sete telões de projeção auxiliam elenco, acrobatas, bailarinos e banda.— O contexto do espetáculo é a criação da humanidade, tirar sarro de algumas coisas banais do dia-a-dia — diz a coreógrafa. Nem o primeiro homem, Adão, é poupado. No final, quando até mesmo espelhos entram no cenário, o público saberá como essa viagem pelos pensamentos de Muriel fala indiretamente sobre a individualidade de cada pessoa, como o próprio título explicita.


(Edson Burg - A Notícia 27/09/2008)

sábado, 4 de outubro de 2008

Companhia joinvilense Circus Musicalis lota Juarez Machado com espetáculo multimídia

No palco, os atores mostraram versatilidade ao unir a dança e o canto com a interpretação cênica

O público lotou o Teatro Juarez Machado, em Joinville, para acompanhar o espetáculo "Veja Você Mesmo", da companhia Circus Musicalis, na noite de sábado. Durante quase uma hora e meia, os espectadores deram gargalhadas com o roteiro sobre os mistérios da criação da humanidade.

No palco, os atores mostraram versatilidade ao unir a dança e o canto com a interpretação cênica, numa performance envolvente. As projeções de vídeo, que já se tornaram uma marca da companhia, também ajudaram a compor a história, interagindo com os personagens e com todo o contexto da narrativa.

A música foi uma das principais atrações da apresentação. Com um repertório bem variado, o grupo passou pelo blues, rock, pop e MPB. Os efeitos de iluminação também marcaram o ritmo.

Numa verdadeira miscelânea de figuras conhecidas do grande público, "Veja Você Mesmo" lembrou de nomes como Hebe Camargo, Luciana Gimenez, Michael Jackson, Caetano Veloso e Chico Buarque. Ao abordar os estereótipos desses personagens, os atores conseguiram arrancar aplausos dos espectadores. O poeta fingidor Fernando Pessoa também ganhou espaço com a declamação de sua "Autopsicografia".

Apesar de alguns ícones do pop serem lembrados no espetáculo, nenhum deles conseguiu mais notoriedade do que Deus. Numa releitura bem-humorada da criação do universo, a Circus Musicalis atribuiu a extinção dos dinossauros ao fato de eles não terem conseguido embarcar na arca de Noé.

— No sétimo dia, Deus descansou e criou o Brasil — disseram, em cena.

O protagonista Muriel, um hippie, permeou toda a história, narrando suas descobertas sobre a origem do universo e da humanidade. Mas o que chamou mais a atenção do público foi a entrada de Adão em cena. Trajando apenas uma sunga, com uma folha de arbusto cobrindo a parte da frente, ele animou a platéia.

(Erivellto Amaranth, A Noticia 29/09/2008)