terça-feira, 30 de junho de 2009

Michael Jackson

Há muito tempo eu não escuto a mesma música que todo mundo está ouvindo.

Há muito tempo não me comovo por uma notícia que comove a todos, e já faz tempo que não converso com as pessoas um assunto geral, seja eleição, ultimo capitulo da novela, gripe do porco... eu não assisti as duas ou três ultimas finais da Copa do Mundo...

porém um assunto geral vem fazendo parte de mim nos últimos dias:

Michael Joseph Jackson, o menino-prodígio nascido em Gary, no estado de Indiana, ou simplesmente Jacko, o excêntrico milionário falido de Los Angeles? Desde a infância Michael Jackson se desdobrava no palco e na vida entre vários papéis. Esse foi seu encanto e sua desgraça.

Foi um gênio e um revolucionário da música pop e de seu tempo como excepcional e talentoso cantor, compositor e bailarino seja por meio de suas coreografias erotizadas, em performances no palco em que não hesitava em acariciar seus genitais, na desinibição total de movimentos que pareciam confirmar a convicção de Jackson de que, sim, o ser humano pode voar, Jacko era a personalidade liberta e acima de julgamentos. Um artista total.
Como pessoa, Jackson fracassou. Envolvido em excentricidades e dívidas, escondendo-se em guarda-chuvas durante dias atrás de máscaras cirúrgicas, ele parecia alguém com medo de se mostrar. Um anti-artista.
Ainda é difícil distinguir Jackson ou Jacko - talvez eles sejam mesmo inseparáveis, algo como o gênio e o monstro. No esforço de resolver essa charada. Enfim, Michael Jackson era uma pessoa incapaz de encarar a realidade e o cotidiano da vida normal.

Curiosamente retratei esses dois "personagens" em duas de minhas peças. No "Veja Você Mesmo" citei "Jackson" descrevendo a simplicidade de Deus em criar Adão um "quase camponês" e questionando o porquê dele não ter criado logo um Pop Star como Michael (com direito a coreografia de Thriller e tudo) e em 2003 o "Jacko" no musical "Alegoria do Sonho" quando o Bufão que aparece nos sonhos da menina diz para ela dormir sem medo, pois: "Bicho papão não existe, fantasma existe, mas não pega e o Michael Jackson não vem para o Brasil" da segunda confesso sinto certo remorso...

Vai o homem fica a obra.








quarta-feira, 24 de junho de 2009

Que tal acabarmos de vez com essa tal de Rouanet?

Pois é, lá vou mais uma vez falar sobre grana publica mal utilizada: (veja aqui a anterior) desta vez envolvendo ninguém menos que o "sábio guru" Caetano Veloso:

"O Ministério da Cultura voltou atrás e autorizou os produtores do músico baiano Caetano Veloso a usar os benefícios fiscais da Lei Rouanet para bancar os shows de divulgação de seu último CD, o "Zii e Zie". A decisão foi publicada no "Diário Oficial da União" desta segunda-feira (22), assinada pelo secretário-executivo adjunto do ministério, Gustavo Carneiro Vidigal Cavalcanti.

A decisão encerra, a favor dos produtores de Caetano, uma polêmica que já dura um mês. No dia 21 de maio passado, a Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), que analisa os projetos aspirantes ao benefício da Lei Rouanet, decidiu que o "Tour Caetano Veloso", no valor de
R$ 2 milhões, não precisava de incentivo por ser comercialmente viável.

A decisão da CNIC foi revelada pela Folha, assim como a pressão da ex-mulher e empresária de Caetano, Paula Lavigne, para que o ministro da Cultura, Juca Ferreira, revisse a decisão e
autorizasse o uso de dinheiro público, via renúncia fiscal das empresas patrocinadoras, para divulgar o show.

Em entrevista à Folha no último dia 12, Ferreira sinalizou que a decisão seria reformada, mas negou que Paula Lavigne o tivesse pressionado. "Ela não fez nenhum sauê, apenas ligou para mim e perguntou qual critério tinha sido utilizado para Caetano, que ela não percebia que tinha sido usado para outras pessoas."

Na ocasião, Juca disse à Folha que
a Lei Rouanet não tem nenhum critério estabelecendo que os artistas bem-sucedidos não podem ter seus projetos aprovados. "No ano passado, quando eu intervim para aprovar o show da Maria Bethânia [a CNIC também tinha negado acesso da cantora à Rouanet], já tínhamos aprovado projetos da Ivete Sangalo, artista mais bem-sucedida comercialmente em todos os tempos. Não podemos sair discricionariamente decidindo, sem critérios."

A CNIC é um órgão colegiado que pertence ao Ministério da Cultura.
O ministro pode, a seu critério, rever as decisões da comissão. O ministério informou, no entanto, que a decisão publicada ontem no "Diário Oficial" não foi do ministro, mas uma revisão da própria CNIC, à luz do compromisso dos produtores de Caetano de baratear os ingressos."

Pois é... já disse aqui mas vou repetir: Sabem, antes até que era legal, você decidia ser artista e montava uma banda, pintava um quadro, inventava uma peça ou até mesmo ficava pelas praças com os vagabundos filosofando e se funcionasse você e a sua banda ou trupe até poderiam ganhar algum dinheiro, conhecer umas meninas, ir na TV... essas coisas de artistas, mas se você não tivesse a mesma sorte que gente como a Vanessa da Mata e o Caetano Veloso teve você podia mandar um projeto para uma lei de incentivo fiscal e ficar mamando nas tetas do contribuinte, pois como diz uma amigo meu: "já que tão dando..."

Mas isso é apenas a ponta do icebergue...

O que rola é uma falta de ética generalizada, quase todos estes grupos de rock brasileiro, através de suas gravadoras e produtores, entre eles Titãs, Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Biquini Cavadão, Pyti, Jota Quest, etc e etc e etc, provenientes dos anos 80 e 90 adentrando os 2000, utilizam da mesma estratégia, por exemplo, no Ceará Music onde a grana aportada é imensa, ainda cobram ingressos caríssimos, tudo isto é lucro extra e só quem se apresenta são grupos de rock pop indicado por gravadoras.

Quando convidam artistas locais as condições são ínfimas e os jogam num tal de palco alternativo chamado de Nativos (bem que poderiam escancarar e chamar de Senzala), nos quintais do evento onde ninguém vai ver ou prestigiar.

E também as produções e gravadoras de Maria Betânia, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Ivete Sangalo, Cláudio Leite, Roberto Carlos, Chiclete com Banana, entre outros artistas, realizam as mesmas estratégias, tem em média 2 milhões para seus projetos e os ingressos em seus shows variam de 70 a 200 paus, sendo que Roberto Carlos ainda tem os cruzeiros marítimos que custam fortunas e as bandas de axé music vão comendo da mesma forma e ainda cobram por seus abadás, uma espécie de fantasias ingressos por preço astronômico para participar das folias???

Ora, se isto tudo é feito com o dinheiro de impostos do povo, porque não oferecer as possibilidades para que o povo assista estes shows e eventos, que não são de graça, na verdade são ingressos que o povo já pagou, sem nem saber, e porque não têm acesso ??? !!!

E depois vem outros menos avisados a perguntar porque uns artistas somem da "mass mídia" e não gravam discos novos, e não estão em evidência, no cotidiano, não entender tudo isto é cegueira total, poderiam pelo menos ter um olho em terra de cegos.

Grande parte das chamadas duplas sertanejas, possuem fazendas, milhares de cabeças de gado, frigoríficos, restaurantes, e grande esquema de exportação de carnes para o exterior, etc, por si só ou pelos seus "sócios" que utilizam da isenção fiscal de impostos, que deveria ser para o bem de todos de forma coletiva, mas no entanto via "laranjas" que esta lei rouanet permite (não é a toa que foi criada no governo Collor), volta a servir para refinanciar os shows e vira essa coisa maluca o dinheiro volta multiplicado para os mesmos utilizadores com nosso suado imposto que pagamos desde da hora que acordamos à hora que vamos dormir, e até nas horas de sono.

E os projetos artísticos de financiamento de outras grandes empresas brasileiras e bancos e etc, com raríssimas excessões e isenções, também não ficam atrás deste descalabro.


O que está errado é a formatação geral desta lei que deixa ao cargo das empresas investidoras de nossos impostos, a escolha de qual projeto vão aplicar com aquilo que é nosso.

E se a tal Lei é de INCENTIVO A CULTURA fica a pergunta: alguém sabe se essa lei aprova ou já aprovou projetos de cantores ou artistas que além de não serem famosos , não tiveram dinheiro algum ? E que no final deu certo? Eu pelo menos até hoje não vi um caso sequer... mas posso citar centenas de casos de gente que vendeu casa, carro e apostou tudo em sua carreira e obteve retorno.

Pois é.

(Cleiton Profeta - 24/06/2009)