terça-feira, 7 de junho de 2011

Conheça Muriel Szym, o contador de histórias

Contrariando a trajetória comum de artistas, ator trocou Curitiba por Joinville
Entre todas as atribuições que Muriel Szym carrega, talvez a que mais se encaixe ao cara de cabelos compridos e barba loira é a de viajante. Pelo menos era essa a principal certeza que ele tinha do que gostava de fazer quando desembarcou em Joinville há pouco mais de dez anos, ainda sem rumo certo pra própria vida, com uma única vontade: viver e, assim, descobrir qual era seu papel no mundo.

Aos 30 anos, ele afirma já ter esta resposta. De quebra, deu à cidade que escolheu a oportunidade de contar com seus múltiplos talentos e com sua vontade de criar para fomentar a produção artística e cultural joinvilense. Os anos 90 chegavam ao fim quando Muriel saltou em Joinville sem nunca ter pisado na região antes.

Ou melhor, ele saltou e não olhou muito em volta, já que foi direto para São Francisco.

— Eu me lembro de ter olhado no mapa e falado: caraca, tem uma ilha no meio! Esse lugar deve ser o paraíso — lembra ele.

A escolha não foi aleatória, já que o curitibano apaixonado por natureza foi atraído a Joinville pelo curso de turismo com ênfase em meio ambiente que o Ielusc oferecia na época.

— Conversei com a Elizabeth Tamanini e consegui um estágio no Museu Fritz Alt. Aí ficava pirando lá, lendo tudo sobre ele, desenhando as esculturas — conta Muriel.

Como precisava de dinheiro, ele criou uma performance com desenho e poesia que oferecia pela cidade, mas elas só duraram até que ele conhecesse Cleiton Profeta, que deixava a arte de rua para começar um grupo de teatro.

— O Profeta me falou: cara, tô criando um espetáculo musical. Eu achei meio estranho, mas fui no ensaio para ver qual era — admite.

Foi assim que surgiu o Circus Musicalis e Muriel estreou no palco, mas não como ator. Ele montava um cavalete, fixava a tela e fazia pinturas na peça "Alegoria do Sonho". Na segunda temporada, como um dos atores desistiu e Muriel já tinha as falas decoradas, pediu uma chance.

— Foi assim que 'desembuchei' como ator — define.

À convite de Ilaine Mello, fez o curso de contação de histórias e descobriu que tinha jeito pra isso. Tanto que, em 2003, ele e o amigo Fábio Cabelo partiram para a Bahia como contadores de história. Cabelo logo voltou, mas Muriel continuou a jornada sertão adentro até chegar ao Rio São Francisco contando algumas histórias e conhecendo outras.

Foi ao voltar para Joinville que ele percebeu: tinha virado artista. Mas não parou de viajar. Com a Cia. Mútua de Bonecos, viajou pelo Brasil inteiro. Depois, foi a vez de explorar Santa Catarina ao participar de espetáculos de grupos locais. Desde então, seu currículo nas artes precisa de muitas páginas para conter todas as atividades.

Pode ser contação de histórias, teatro, música, audiovisual ou pintura: não importa, é só haver uma produção cultural, que Muriel está "metido" lá.

— Eu tenho sorte de as oportunidades aparecerem, mas também sou muito metido, vou lá e pergunto se posso participar — afirma ele.

Cláudia Morriesen

(Jornal A Notícia - 07 de Junho de 2011) 

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