sábado, 21 de julho de 2012

Bandas Autorais e o Cenário Joinvilense



Webdocumentário produzido pelos acadêmicos de jornalismo do Bom Jesus/Ielusc, retratando um pouco do cenário local para bandas que investem em músicas próprias. Os desafios, dificuldades e superação das bandas que estão iniciando (Quinze Quadras) e daquelas que já estão ganhando visibilidade fora da cidade (Fevereiro da Silva). Trazendo também a opinião do jornalista Rubens Herbst (colunista do Jornal A Notícia - Orelhada), dos músicos Cleiton Profeta (Banda Circus Musicalis) e Lucas Scaravelli (Banda Zombie Cookbook).


Ficha técnica:
Ana Luiza Abdala - Imagens e Produção
Karollayne Rosa - Imagens e Produção
Matheus Simões Mello - Roteiro
Polianna Moraes - Imagens e Edição
Tiffani Louise dos Santos - Imagens e Roteiro

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Músicas novas são todas “antigas”


Ontem terminei de ler um livro muito bom,Retromania— Pop Culture's Addiction to Its Own Past, que recomendo para quem gosta de conversar e debater a respeito de música — e que também manje de inglês, já que a obra, infelizmente, ainda não foi lançada no Brasil.
Ele foi escrito por Simon Reynolds, um dos mais renomados críticos musicais da Europa, e tenta explicar algo que suscita horas e horas de conversas para quem tem mais de quatro neurônios em bom funcionamento: os motivos que levam a imensa maioria das músicas que ouvimos nos dias de hoje a ser nada mais do que arremedos de composições antigas.
Mas a leitura deste livro me trouxe outros pensamentos à cabeça...
É claro que não podemos esquecer que a molecada nos dias atuais vem crescendo conectada a computadores, a celulares que funcionam como um computador e mais um monte de traquitanas tecnológicas. E isto em parte explica porque a música para esta turma não tem 8% da importância que teve para a minha geração, por exemplo.
Para mim, hoje transformado em um velho bem humoradamente ranzinza e sarcástico para alguns, ou em um _______________ (coloque aqui o seu insulto favorito) para outros, era na música que ocorriam as grandes manifestações culturais que acabaram influenciando todas as outras artes, os padrões sociais e até mesmo a política.
Quem se ligava de verdade em música fatalmente mergulhava de cabeça na leitura de bons livros, em cinema e mais um monte de outras ferramentas culturais. Hoje, o panorama cultural para as novas gerações, quando ele existe — e se é que ele ainda existe -, tem na música uma ferramenta muito, mas muito secundária em termos de importância e relevância.
O fato de você poder encontrar toda música que quiser de graça na Internet não apenas esquartejou a "galinha dos ovos de ouro" da indústria fonográfica, mas tirou todo o tesão desta turma em ouvir e prestar atenção à música em si. Reynolds, inclusive, mostra que as pessoas antigamente davam mais valor à música porque gastavam dinheiro e tempo para comprar um disco, e por causa disto extraíam tudo o que podiam daquilo que cada álbum tinha a oferecer. E o mais legal era que a grande maioria dos discos só começava a fazer sentido depois de muitas audições.
Isto é exatamente o contrário do que ocorre hoje. Como ninguém paga por nada disto, a molecada tende a negligenciar a obra, ouvindo poucas vezes e sem qualquer atenção, como que dizendo a si mesma "se eu precisar disto, baixo de novo e pronto".
É o que eu escrevi em artigos passados aqui mesmo no Yahoo: as pessoas hoje ouvem música como uma trilha sonora para uma outra atividade qualquer que estejam fazendo. Se você ouve uma canção enquanto está navegando pela Internet ou fazendo qualquer outro troço em seu computador, a última coisa em que vai prestar atenção é na música em si. Cheguei à conclusão de que tudo que é conquistado de modo fácil logo é "depreciado" e, pior, descartado.
Talvez a falta de um "elemento tátil" tenha contribuído imensamente para esta "descartabilidade", principalmente nos dias de hoje, em que discos gravados ao vivo, por exemplo, são tudo, menos "ao vivo". Se bem que as "mexidas" neste tipo de disco já não são de hoje. Meu cérebro foi parcialmente derretido depois que soube que dois de meus "álbuns ao vivo" favoritos em todos os tempos - Rocket to Russia, dos Ramones, e Live and Dangerous, do Thin Lizzy - foram regravados/refeitos em estúdio quase em suas totalidades.
O que quero dizer é que o fato de ouvirmos gravações "geneticamente modificadas" retirou o "tato dos ouvidos" das novas gerações, que passaram a se costumar com uma "perfeição" sonora facilmente manipulável. E se é manipulável, é uma farsa.
E é aí que entra o que Reynolds chama de "reinterpretação do passado". Hoje todo mundo experimenta idéias velhas envernizadas com uma camada de "modernidade e inovação" tão falsa quanto o som pasteurizado e comprimido que sai do seu mp3 player. Para o autor, não há mais a absoluta sensação de novidade e energia do passado.
O que esperar de uma geração de músicos que só conheceram a Internet como referência sonora? De minha parte, sou muito pessimista em relação a isto...
E você?

( Regis Tadeu - 06/07/2012)

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Raul Seixas, o alquimista sonoro!


Tava ouvindo hoje o disco "The Byrds" do Fifth Dimension, já havia ouvido antes sem a devida e merecida atenção, e me deparei com a canção: "Mr. Spaceman", imaginei então que “S.O.S” do Raul fosse uma versão, porém fui verificar e "S.O.S" é creditada como composição do Raul Seixas, ou seja, é um plágio!!! Talvez eu seja mal informado, mas foi novidade para mim. Já havia me deparado com "Killer Driller" do Jim Breedlove (gravada pelo Elvis) de onde o barbudo havia copiado "Rock das Aranha", depois ouvi ele confessando a surrupiada em uma famosa entrevista. Como fã do Elvis, o Raul também fez uma versão de “Working on the Building” que ganhou o nome de "Gospel" que foi censurada e transformada em "Porque" na trilha sonora da novela "O Rebu" da Rede Globo, recentemente a versão com a letra censurada foi lançada e ainda se inspirando no Elvis teve a Highlander: "Eu nasci Há 10 Mil Anos Atrás" que é uma antiga canção estadunidense de domínio público homônima (I Was Born 10.000 Years Ago), e que ficou famosa na voz do rei . Já a música "O dia da saudade", é outro plágio descarado: mistura duas músicas dos Beatles ("Back in the U.S.S.R." e "Get Back"). Falando em Beatles o riff de “Peixuxa “ é um xérox de “Obladi, Oblada"...
O final de "Loteria da Babilônia" é chupada de "How Many More Times", do Led Zeppelin (que já era chupada de "The Hunter", um antigo blues de Albert King). Outra "coincidência" que encontrei na obra do Maluco Beleza, foi a melodia da canção "Gîta" claramente influenciada por "No Expectations" dos Stones, e ambas lembram "Honey I Miss You" (Bobby Russel), seria esse caso coincidência? Falando em melodia parecida: “Ave Maria da Rua” em certos trechos é idêntica a “Bridge Over Troubled Water” do Simon & Garfunkel! E desta vez duvido que seja acaso!
Enquanto escrevo esse texto toca “Honey Don't” com Carl Perkins cuja introdução de "Rock do Diabo" e um clone.
“A Beira do Pantanal” também lembra outra antiga música de domínio público chamada “Willow Garden”.
          Seria plágio ou menção “O Xote das Meninas” do Luiz Gonzaga em um trecho de "É Fim do Mês"? No caso “Você Já Foi a Bahia” no final de “Todo Mundo Explica” é clara menção, assim como "Eu Vou Botar Pra Ferver" parceria com o genial Sérgio Sampaio que tem o mesmo DNA de “Baião” do Gonzaga.
          Algumas vezes o Raul dava os devidos créditos e lançava como versão, como em “Babilina” que é “Bop-a-Lena” do Ronnie Silfo; “Não Fosse o Cabral” que é uma versão de “Slippi’n & Slidin’n” do Little Richard e “No No Song” do Ringo Starr que se transformou em “Não Quero Mais Andar Na Contramão” além de “Lucy In The Sky With Diamond” dos Beatles virarem: “Você Ainda Pode Sonhar” no debut álbum “Raulzito e Seus Panteras“.
          Tem até o caso em que ele copia ele mesmo como “Abre-te Sésamo” e “Um Som para Laio”...
          Pra quem está acostumado aos ditames da música pop tradicional, reciclar idéias textuais e melódicas soa como demérito, mas tenho certeza que muitos que cultuam artistas como Charley Patton, Robert Johnson e Pete Seger, ou mesmo coisas mais recentes, como Dylan, Rolling Stones, Led Zeppelin e afins, estão bem acostumados a isso. Eu mesmo, tenho um apreço especial por artistas que se usam desse método. Acho genial um sujeito que consegue usar idéias já existentes para se expressar dentro de um contexto totalmente novo. E Raul com todo fellatio musical, conseguiu ser mais original que todos os artistas que ocupam a grande mídia na chamada “cultura de massa”, onde após dizerem o estilo já sabemos como se vestem, como dão entrevistas, como são as letras e arranjos de toda essa papagaiada previsível e insípida que nos empurram goela abaixo! Raul foi junto aos Mutantes pioneiro na fusão de estilos ao misturar Elvis e Gonzaga, criou um personagem para si e tal criatura superou seu criador. Se tornou um mito por ter muito a dizer, coisa mais que rara nos palcos de hoje...

(Cleiton Profeta - Julho de 2012)