quarta-feira, 4 de julho de 2012

Raul Seixas, o alquimista sonoro!


Tava ouvindo hoje o disco "The Byrds" do Fifth Dimension, já havia ouvido antes sem a devida e merecida atenção, e me deparei com a canção: "Mr. Spaceman", imaginei então que “S.O.S” do Raul fosse uma versão, porém fui verificar e "S.O.S" é creditada como composição do Raul Seixas, ou seja, é um plágio!!! Talvez eu seja mal informado, mas foi novidade para mim. Já havia me deparado com "Killer Driller" do Jim Breedlove (gravada pelo Elvis) de onde o barbudo havia copiado "Rock das Aranha", depois ouvi ele confessando a surrupiada em uma famosa entrevista. Como fã do Elvis, o Raul também fez uma versão de “Working on the Building” que ganhou o nome de "Gospel" que foi censurada e transformada em "Porque" na trilha sonora da novela "O Rebu" da Rede Globo, recentemente a versão com a letra censurada foi lançada e ainda se inspirando no Elvis teve a Highlander: "Eu nasci Há 10 Mil Anos Atrás" que é uma antiga canção estadunidense de domínio público homônima (I Was Born 10.000 Years Ago), e que ficou famosa na voz do rei . Já a música "O dia da saudade", é outro plágio descarado: mistura duas músicas dos Beatles ("Back in the U.S.S.R." e "Get Back"). Falando em Beatles o riff de “Peixuxa “ é um xérox de “Obladi, Oblada"...
O final de "Loteria da Babilônia" é chupada de "How Many More Times", do Led Zeppelin (que já era chupada de "The Hunter", um antigo blues de Albert King). Outra "coincidência" que encontrei na obra do Maluco Beleza, foi a melodia da canção "Gîta" claramente influenciada por "No Expectations" dos Stones, e ambas lembram "Honey I Miss You" (Bobby Russel), seria esse caso coincidência? Falando em melodia parecida: “Ave Maria da Rua” em certos trechos é idêntica a “Bridge Over Troubled Water” do Simon & Garfunkel! E desta vez duvido que seja acaso!
Enquanto escrevo esse texto toca “Honey Don't” com Carl Perkins cuja introdução de "Rock do Diabo" e um clone.
“A Beira do Pantanal” também lembra outra antiga música de domínio público chamada “Willow Garden”.
          Seria plágio ou menção “O Xote das Meninas” do Luiz Gonzaga em um trecho de "É Fim do Mês"? No caso “Você Já Foi a Bahia” no final de “Todo Mundo Explica” é clara menção, assim como "Eu Vou Botar Pra Ferver" parceria com o genial Sérgio Sampaio que tem o mesmo DNA de “Baião” do Gonzaga.
          Algumas vezes o Raul dava os devidos créditos e lançava como versão, como em “Babilina” que é “Bop-a-Lena” do Ronnie Silfo; “Não Fosse o Cabral” que é uma versão de “Slippi’n & Slidin’n” do Little Richard e “No No Song” do Ringo Starr que se transformou em “Não Quero Mais Andar Na Contramão” além de “Lucy In The Sky With Diamond” dos Beatles virarem: “Você Ainda Pode Sonhar” no debut álbum “Raulzito e Seus Panteras“.
          Tem até o caso em que ele copia ele mesmo como “Abre-te Sésamo” e “Um Som para Laio”...
          Pra quem está acostumado aos ditames da música pop tradicional, reciclar idéias textuais e melódicas soa como demérito, mas tenho certeza que muitos que cultuam artistas como Charley Patton, Robert Johnson e Pete Seger, ou mesmo coisas mais recentes, como Dylan, Rolling Stones, Led Zeppelin e afins, estão bem acostumados a isso. Eu mesmo, tenho um apreço especial por artistas que se usam desse método. Acho genial um sujeito que consegue usar idéias já existentes para se expressar dentro de um contexto totalmente novo. E Raul com todo fellatio musical, conseguiu ser mais original que todos os artistas que ocupam a grande mídia na chamada “cultura de massa”, onde após dizerem o estilo já sabemos como se vestem, como dão entrevistas, como são as letras e arranjos de toda essa papagaiada previsível e insípida que nos empurram goela abaixo! Raul foi junto aos Mutantes pioneiro na fusão de estilos ao misturar Elvis e Gonzaga, criou um personagem para si e tal criatura superou seu criador. Se tornou um mito por ter muito a dizer, coisa mais que rara nos palcos de hoje...

(Cleiton Profeta - Julho de 2012)

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