quinta-feira, 16 de agosto de 2012

MUDAMÚSICA ENTREVISTA


Em entrevista, Cleiton Profeta, líder do Circus Musicalis, fala um pouco sobre o show, a carreira e as dificuldades de apoio ao artista independente. CONFIRA:
MUDAMÚSICA: Recentemente o grupo completou 10 anos de carreira, certo? O que devemos encontrar nesse show pode considerar-se, de certa forma, uma “coletânea” de bons momentos desse tempo juntos?
CLEITON: Certíssimo, contando do dia em que subimos ao palco pela primeira vez pela alcunha de Circus Musicalis, agora em outubro estaremos fazendo 11 anos. No show tocamos vários temas dos musicais, como “Cantos” e “Ao Tempo”, mas tocamos também coisas novas, como “O Tempo e a Chuva” e “Profecias no País dos Guarda-Chuvas” que também dá nome ao show e ao novo projeto áudio-visual que estamos fazendo…
MUDAMÚSICA: Ainda em relação a estes 10 anos. Qual foi o ponto de partida para o grupo? De onde surgiu?
CLEITON: O Circus Musicalis foi “concebido” no inverno de 1998 no trapiche de São Francisco do Sul, quando eu, o Paulinho Dias e o Fábio Cabelo passamos a noite tocando violão, algumas músicas como “Cantos” e “Fogo de Chão” são dessa época… O Circus gravou uma Demo caseira pouco tempo depois, e estreou em 2001. No ano de 2000 a gente passou um tempo com o Oswaldo Montenegro em um projeto dele.
MUDAMÚSICA: Eu particularmente, conheci o trabalho de vocês por conta de um pessoal lá de São Paulo que assim como eu, acompanhava a carreira do Fernando Anitelli e do Teatro Mágico lá no começo. E sinto, infelizmente, que muita gente que teria o perfil do “publico” de vocês (se é que há um perfil) ainda não os conhece. Você credita isso a falta de incentivo aos artistas locais, especialmente aqui em Joinville?
CLEITON: Todo artista tem sim um perfil de público, e acredito que possa haver alguma relação. Percebo que normalmente pessoas que gostam de determinados artistas consequentemente gostam do Circus.
Sobre a projeção, isso é um assunto complexo, Santa Catarina nunca projetou nenhum artista nacionalmente ao “mainstream”, alguns chegaram perto como o Dazaranha no final dos anos 90, o grupo Expresso nos anos 80, eu costumo brincar que nesse quesito Santa Catarina não serve nem pra separar o Paraná do Rio Grande do Sul (risos). O mercado aqui é pequeno e os profissionais da área (músicos, produtores, estúdios, etc) muito amadores, além de existirem vários fatores pra que isso aconteça. A suprema maioria dos artistas locais por exemplo, sonha em mandar um CD demo para uma rádio e ser descoberto, e é lógico que isso não existe, o que impera no mercado é o jabá. Talvez existam algumas exceções, mas 99,9% do mercado é regido por essa realidade, estando dentro de um grande centro, há mais possibilidades de contratos e negócios, estando fora tudo fica mais difícil, até pela logística, o centro-oeste do país é sem dúvida onde há a maior concentração do mercado, e estando lá se está no meio do país…
Não acredito muito em leis de incentivo, acho que se o governo quisesse realmente “incentivar” a produção artística, cortaria os impostos e faria o incentivo de forma justa a todos, e não somente a meia duzia de “agraciados” e muito menos a artistas consagrados como Caetano Veloso, Vanessa da Mata, Xuxa entre outros, que somados os valores de Rouanet, ultrapassam a casa dos bilhões de reais. Portanto, não espero muita ajuda nesse sentido, claro que espero também que pelo menos não atrapalhem, como ECAD, Ordem dos Músicos e outros órgãos tem feito.
MUDAMÚSICA: A banda toda é daqui?
CLEITON: Sim, atualmente a banda é toda de Joinville.
MUDAMÚSICA: Sobre o Teatro Mágico, o próprio Fernando Anitelli já citou vocês em alguns momentos. Há uma parceria? Um contato?
CLEITON: O Fernando é amigo do Paulinho Dias, nosso ex-vocalista, amigo e parceiro eterno. O Paulinho inclusive chegou a me mostrar a demo do Anitelli antes de virar O Teatro Mágico. Confesso que não acompanho a trupe, mas dessa demo eu lembro que gostei bastante. O Paulinho chegou a gravar as flautas e fazer backing vocal no primeiro CD deles que se não me engano se chama “Entrada para Raros”. Acho que o TM tem uma coisa bacana da coletividade, nisso eu comparo com a gente, pois o Circus sempre foi coletivo, nosso primeiro projeto já em 2001, contava com bailarinos, atores e amigos convidados. Eu nunca acreditei nessa coisa de rótulos, do rockeiro ouvir rock, o sambista samba, esse tipo de segmentação é irresponsabilidade da mídia que informa mal, somado a preguiça que as pessoas tendem a ter em procurar saber sobre as coisas, elas preferem simplesmente acreditar… vejo a arte de forma coletiva, e assim como a ciência, a filosofia e a tecnologia que está sempre se somando e em constante mutação.
MUDAMÚSICA: O que o público que ainda não conhece o CIRCUS MUSICALIS pode esperar desse show?
CLEITON: Tenho certeza que o público que ainda não conhece o Circus, irá se surpreender. A banda tá afiada e o elemento surpresa sempre fez parte de nossas apresentações ao vivo, seja na interação, no conceito multi-mídia ou até no repertório.
Eu sugiro que as pessoas entrem no nosso site http://palcomp3.com/circusmusicalis/ , e escutem as canções disponíveis, pois visto da ótica do público geral, sei que um show é ainda mais bacana quando conhecemos as músicas.
MUDAMÚSICA: O que seria esse “conceito multi-mídia”?
CLEITON: Esse conceito nasceu da ideia de ilustrar as canções, sou de uma geração que via a música como produto principal. Lembro que era comum minha família ficar na sala ouvindo discos inteiros, e quando adolescente nos juntávamos para casa dos amigos para ouvirmos os discos e compartilhar a música. Hoje não há mais isso, nunca se escutou tanta música, mas ela se tornou segundo plano, um pano e fundo. Ela entra na vida como no cinema, como trilha, não é mais o foco. Falei isso porque lembro que eu ficava impressionado com álbuns conceituais do Alice Cooper, onde o disco contava uma história. Lembro que me impressionava com a capa do Raul Seixas: “Há Dez Mil Anos Atrás”. Lembro que quando criança, quando tudo era ainda mais lúdico, que as ilustrações nos discos do Balão Mágico remetiam a forçar uma ligação entre a música e elas, assim como tentava encontrar cada personagem descrito nas canções figurado na capa no “Live Evil” do Black Sabbath que ganhei de natal no inicio dos anos 90. De alguma forma o Circus Nasceu com esse propósito, de dar vida as canções, mas sempre tendo elas como a causa, todas as demais artes/mídias são efeitos da música.
MUDAMÚSICA: E sobre o repertório do show? Alguma coisa pra adiantar?
CLEITON: O repertório passeia por canções de todas as fases do Circus, mas posso adiantar que será um show com uma pegada bem rock ‘n rol!
MUDAMÚSICA: Além dos músicos, quem mais faz parte da “equipe” para o show?
CLEITON: A pesar de pretensioso, pertenço ao circuito alternativo, e se no mainstream, artista como Alceu Valença vem se obrigando a fazer turnês “voz e violão” por questões óbvias de redução de custo, imagina para agente (risos). Mesmo assim além dos 5 integrantes da banda (eu o Vagner Magalhães, Fábio Cabelo, Rafael Vieira e o Vitor Roberto), a gente conta com mais algumas pessoas trabalhando nos bastidores e na técnica. O Kadoo Lopes é nosso VJ, a Naiana Hess iluminadora, o Muriel Szym ator e assistente de palco, fora roddie e algumas vezes músicos convidados.
Mas a vontade que tenho sempre é colocar 50 no palco (risos).
 O QUÊ: Show com O Teatro Mágico, Circus Musicalis e Fevereiro da Silva
QUANDO: 24/8 às 22 horas
ONDE: JOINVILLE SQUARE GARDEN
INGRESSOS: http://www.oiingressos.com.br/evento.php?eve_cod=185

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